Na minha primeira infância, lá pelos quatro a seis anos, a pior hora do dia era o meio da tarde, talvez às 14h ou 15h. Não sei exatamente, pois naquele tempo eu não conhecia horas e não me preocupava muito com elas. Sei que, naqueles momentos minha avó e minha mãe ficavam com os ouvidos colados no velho rádio de casa ouvindo a sua novela, transmitida pela Rádio São Paulo, e nós, crianças, éramos proibidos de fazer qualquer barulho. Obrigar criança a fazer silêncio equivale, naquela idade, a deixá-la de castigo. Esse drama acontecia de segunda a sexta-feira. Em compensação, aos sábados, o rádio permanecia ligado a tarde inteira, e, livres do castigo do silêncio forçado, todos ouvíamos a ‘Peneira Rhodine’, programa de calouros apresentado por Randal Juliano. Era apresentado pela Rádio Record, ‘a maior’.Essa emissora, que nada tinha a ver com Edir Macedo, era mais possante, e a mais popular.
Mais tarde, já crescidinho, eu era o maior ‘freguês’ do rádio. Não perdia, a partir das 18 horas, de segunda a sexta-feira, o programa ‘Terra, sempre terra’, do Capitão Furtado, Reinaldo Pires, pela Rádio Piratininga. Nas tardes de domingos era obrigatório ouvir , pela rádio Tupi, o ‘Festa na Roça’, de Lulu Benencase. Mais tarde, já adolescente, acordava ao som de ‘Serra da Mantiqueira’ e ‘Brasil Caboclo’ pela Bandeirantes, apresentados por Biguá e Capitão Barduíno. No dia Primeiro de Abril de 1964 esses programas não foram ao ar. A manhã toda foi ocupada por um inacabável discurso do então governador Adhemar de Barros anunciando o golpe militar. Ele era um dos articuladores da coisa, e sonhava ser o presidente nomeado pelos militares. Deu-se mal, foi cassado. A ‘Redentora’ foi especialista em devorar seus criadores.
Todas essas recordações são para ressaltar a importância do rádio. E para mostrar que, apesar de todos os avanços da tecnologia, ele não perdeu a importância. Ainda hoje é um dos mais populares meios de comunicação. Na mão dos políticos é uma arma poderosa, e sua concessão é moeda de troca dos governos. A presidente Dilma acaba de baixar um decreto regulamentando a concessão para emissoras de rádio e canais de TV, para disciplinar a coisa.
Esses comentários servem também de gancho para lembrar que na segunda-feira o programa ‘RBN Notícias’ da Rádio Boa Nova comemora cinco anos de existência. Apresentado por Augusto Pinheiro e produzido por Eliete Ribeiro, tornou-se o jornal obrigatório de todas as tardes, mostrando as notícias fresquinhas da cidade, os comentários de jornalistas especializados nos mais diversos temas e entrevistando gente que faz acontecer. A festa irá das 14h às 19h, no Teatro Adamastor, com desfile de artistas e personalidades de Guarulhos.
Publicado em 20/01/2012 na Folha Metropolitana (www.folhametro.com.br)
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