terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Natal de todos os crentes e descrentes

É Natal, nasceu Jesus!!! Para os cristãos ele é o filho de Deus feito homem, que nasceu, sofreu, foi crucificado, ressuscitou e subiu aos Céus para nós salvar. Para os muçulmanos ele foi o segundo maior profeta que a humanidade já produziu, superado apenas por seu primo Maomé. Os judeus o consideram um grande profeta, mas não Deus.
Ainda esperam por um Messias, que a julgar pela situação em Jerusalém ainda está longe de aparecer. Infelizmente o seu deus não é também dos palestinos, e lhes nega o direito elementar de ter uma pátria. Para os não-religiosos Jesus foi apenas um filósofo, um pensador humanista que substituiu a ideia de um deus truculento e autoritário por um manso cordeiro da paz. Para alguns ateus, agnósticos e materialistas ele não existiu, é apenas uma lenda. Mas que lenda maravilhosa!
Para todos, porém, o Natal é  dia de festa, de confraternização, de troca de presentes. Os mais devotos oram antes de cair na alegria, nos comes e bebes e na confraternização. Todos, porém, gostam de uma mesa farta, de acordo com suas possibilidades. Não há nada de errado em tais manifestações. Em toda história da humanidade, antes do nascimento de Cristo comer, beber e brindar foram ato natural, maneira de festejar a vida, de agradecer a seu deus por ela. Nessa data cumprimentamos e abraçamos pessoas com as quais não nos simpatizamos, ou a quem odiamos. Mas sempre através dessa atitude formal, até falsa, há um resíduo de amor, uma esperança de reaproximação.
Em meio à alegria e à festa sempre há um jeito de pensar no aniversariante. Não em cantar hinos de louvor a um Deus todo poderoso, para que ele nos retribua com suas graças e nos reserve um lugar a seu lado quando morrermos, mas para lembrarmos de seu primeiro ensinamento: Amai-vos uns aos outros. Homens de todas as crenças, homens descrentes, mesmo não acreditando nesse deus e nesse Jesus, acreditem nesta verdade.
Costuma-se atribuir a crise que o mundo atravessa à falta de religião, quando há tantas religiões. Com certeza também não é falta de amor. Acontece que o mundo de hoje é marcado pela competitividade, pela necessidade de vencer. O capitalismo, o comunismo e todas as formas de socialismo partem do princípio de que o homem é uma máquina de produzir. Para isso ele tem que consumir, e para isso tem que produzir mais, sem tempo de nos conhecermos. Qualquer que seja a nossa crença ou descrença, aproveitemos esta época de confraternização e de paz para quebrar esse círculo vicioso. Lembremo-nos que cada um de nós é um indivíduo diferente do outro, mas com capacidade de dar e necessidade de receber amor.

Publicado na Folha Metropolitana em 23/12/2011

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