Um sujeito muito religioso, que morava no décimo andar de um edifício de apartamentos, ao tentar lavar a vidraça descuidou-se, pisou em falso, e acabou caindo para o lado de fora. Homem de fé, ainda teve tempo de pedir proteção a Santo Antônio, seu protetor. Ao passar pelo quinto andar sentiu-se agarrado por dois braços fortes.
– Qual o Santo Antônio a quem o senhor apelou? – perguntou uma voz.
– Ao Santo Antônio de Categeró – respondeu o assustado cidadão.
– Sinto muito, mas eu sou o Santo Antônio de Pádua – respondeu a voz, largando o homem, que desabou com tudo. Morreu, e certamente está descansando ao lado de seu santo de devoção, na altura celestial.
– Ao Santo Antônio de Categeró – respondeu o assustado cidadão.
– Sinto muito, mas eu sou o Santo Antônio de Pádua – respondeu a voz, largando o homem, que desabou com tudo. Morreu, e certamente está descansando ao lado de seu santo de devoção, na altura celestial.
Esta é uma anedota que me contaram quando eu era ainda criança, e nunca me esqueci. Eu era católico, pertencia à Cruzada Eucarística, não perdia uma missa, e sonhava em ser padre. Daria, certamente, um belo sacerdote. Apesar disso não pude deixar de achar graça na anedota.
Sei que rir não é pecado. Aos domingos reuníamos no bairro onde morávamos e seguíamos, mais ou menos em fila, até a matriz de Nossa Senhora da Conceição da Boa Viagem, em São Bernardo do Campo. Essa piada foi contada em uma dessas caminhadas. Naquele tempo praticamente todo mundo era católico. Eram raros os protestantes, geralmente uma gente séria e pouco dada a brincadeiras. É apenas uma anedota. Mas coisas desse tipo acontecem realmente, como veremos mais adiante. Não propriamente com os santos, mas com seus intermediários.
A passagem de 2011 para 2012 aconteceu com muita chuva, em São Paulo, Rio e Minas. Houve muitos estragos e prejuízos, mas a chuva não impediu a festança, pelo menos na Grande São Paulo e no Rio de Janeiro. Houve muito foguetório, para azar dos cachorros e das pessoas mais sensíveis. Mas festa é festa, e cada um demonstra alegria como sabe.
Soube, na segunda-feira que a Prefeitura do Rio contratou a Fundação Cacique Cobra Coral para garantir o bom tempo na antiga ‘cidade maravilhosa’. Eu sabia que aquela instituição era boa para fazer prognóstico, mas não sabia que também tinha poder sobre os elementos da natureza. A notícia não diz quanto a municipalidade pagou pelo milagre, mas sei que choveu da mesma maneira em Copacabana, bairro nobre da capital fluminense.
A Fundação, segundo a notícia já explicou a situação. Disse que o culpado pela chuva foi o vento. Provavelmente o contrato com a Prefeitura incluía apenas acordo com São Pedro, e não com Santa Bárbara, também conhecida como Iansã. Ela administra as trovoadas e deve ter jurisdição também sobre o vento, coisa fora da alçada da Fundação.
O fato é que a Prefeitura do Rio gastou o dinheiro público inutilmente, e o povo fez o Réveillon debaixo de água. Se houvesse política no ‘além’, o espírito desse cacique teria tudo para ser um excelente político.
Publicado na Folha Metropolitana em 06/01/2012
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