Depois de muito sofrimento e muito xingatório acostumei-me e adaptei-me ao novo sistema de transporte coletivo de Guarulhos. Eu e, certamente toda a população, ou a maioria. A gente se adapta a tudo, basta sair de casa mais cedo e tomar duas conduções, em casos em que antes se tomava apenas uma. De vez em quando ainda deparo com surpresas que me deixam intrigado.
Na segunda-feira fui ao Café Cultura, aprazível mistura de livraria e barzinho situado na Rua Renato de Andrade Maia, próximo do Senai, que dá espaço aos escritores guarulhenses. Para ir saltei do ônibus na Avenida Tiradentes, próximo da Rua Renato Maia, e andei um bocado. Na volta, como queria ir ao o Centro tomei um ônibus na proximidade, e o motorista informou que ele só parava no ponto do Hospital Carlos Chagas. Teria que andar outro bocado, mas me conformei. O brasileiro é conformado, esse é o nosso maior defeito e a nossa maior qualidade. Lembrei-me, porém de perguntar se ele passava pela Monteiro Lobato, e diante da resposta positiva resolvi descer no Adamastor e tomar outra condução.
Como tenho um resíduo de visão consegui perceber que ele passou pela Matriz. Não sei que volta deu, mas isso não é da minha conta. O óleo diesel é barato mesmo. O importante é saber que passou pelo Centro, bem perto de onde eu queria ir. Por um motivo que nem Freud nem os técnicos de trânsito explicam, não parou em nenhum ponto. Nem Freud nem os técnicos explicam também por que os ônibus que vão para a região do Taboão pela Avenida Tiradentes não param no ponto existente pouco antes do Paço Municipal.
Será que o prefeito está tão convencido da sua popularidade que não faz questão dos votos dos usuários do transporte coletivo? Ou será que os secretários dos Transportes (o atual e o seu antecessor, que inventou a brincadeira serão tucanos infiltrados na Administração para sabotá-la)?
A bem da verdade não culpo o prefeito, cara simpático e popular, com o qual tenho grande amizade de há muito tempo. Costuma-se criticar os políticos, quase sempre com razão, mas parece-me que quem atrapalha muitas administrações são os técnicos. Eles querem resolver todos os problemas na prancheta, através de cálculos, sem a mínima preocupação com a realidade.
Sem ver os problemas de perto. Sem se preocupar-se com os interesses e a comunidade do ‘povinho’, essa gente chata que gosta de tomar condução ou dirigir seu carro só para atrapalhar seus belíssimos projetos de cidade moderna, de trânsito fluindo tranquilamente. O diacho é que existem carros e pessoas, cada vez em maior quantidade.
Publicado na Folha Metropolitana em 16/12/2011
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