quinta-feira, 26 de junho de 2008

A razão estará com o avestruz?

Para quem quiser fazer uma fezinha no mês de outubro, aqui vai uma dica: aposte no avestruz. É aquele bicho que come tudo, até pedras e, segundo a lenda, quando se vê em perigo, enfia a cabeça no primeiro buraco que encontra. Não vendo o perigo, pensa que está livre dele. Pois tem muita gente que também é assim, principalmente com relação à situação do país e do mundo.
É muito comum atualmente ouvir-se pessoas comentando que não vão votar em ninguém nas próximas eleições, pois todos os políticos são iguais. “Se ninguém votar, eles vão ver que estamos descontentes”, dizem. Eles quem? Para essas pessoas, o negócio é deixar a coisa andar, e permitir que os mesmos picaretas continuem a fazer suas picaretagens.
O pior é que não são pessoas despreparadas, sem instrução, alienadas. São professores, estudantes universitários, pessoas que têm posição política, escrevem e fazem discursos. Todos eles têm idéia do que seria melhor para o país e para o mundo, mas entendem que nenhum dos partidos existentes e nenhum dos políticos rima com suas idéias. Se eximem da responsabilidade que a democracia lhes oferece.
Eu discordo dessa posição, mas não encontro argumentos para dissuadir esses pessimistas da sua política de avestruz. Os políticos que estão na praça realmente, tanto na situação como na oposição, não se esforçam para merecer a confiança. Eles mudam freqüentemente, quando são oposição criticam algumas práticas, quando são governo, as praticam. É o caso do CSS, antiga CPMF, criada no governo PSDB-PFL e criticada pelo PT e partidos de esquerda; agora defendida pelo governo petista e criticada pela oposição.
Existem políticos honestos em todos os partidos, em ambos os grupos, situação e oposição. Este ano as eleições são municipais, mas em 2010 é que a coisa vai ser para valer, e a responsabilidade do eleitorado será maior ainda. Sabemos que mesmo os políticos mais sérios não consertarão o mundo, pois estão presos a compromissos de grupo, à ética partidária e interesses imediatos do próprio eleitorado. Numa democracia, cada povo tem o governo que merece. Mas se o povão está perdido, os formadores de opinião têm como criar nova mentalidade política e não esconder a cabeça como avestruz.

Um comentário:

crica disse...

Político honesto? Pensando na honestidade como coisa relativa dentro da luta de classes -afinal de contas Paulo maluf é tão honesto com a classe que representa, como Lula, o é, com a que passou a representar depois de eleito - diria que dou-me o direito de dizer a eles, a você ou a qualquer outro que não delego poderes a quem quer que seja a me representar nessa fantasia ordinária chamada democracia representativa. Esse jogo,inventado por burgueses, para burgueses e de burgueses, só interessa a eles. Prefiro o xadrez anárquico da luta social de base, do dia-a-dia. Admito que haja muito avestruz que vote em branco ou nulo. Mas há também formigas que, como eu, não delegam poderes e não se sentem representadas por tamanduás. E como urna ainda aceita "democraticamente" essa opinião, ali vai estar ela no dia e data em que nós, formigas, avestruzes, e todo a fauna dessa imensa nação seremos OBRIGADOS a declarar nosa intençao de voto. O meu é, declaradamente consciente, nulo.
Com todo respeito, fico feliz, sabê-lo vivo e escrevinhador -aprendi esse termo com você. Espero poder tê-lo provocado a futuras conversas.
Um grande abraço,
Crica.