“A Amazônia é nossa e ninguém tasca”, gritamos todos nós, brasileiros, no ardor patriótico só comparável às ocasiões da Copa do Mundo ou à perspectiva do Rio de Janeiro sediar as Olimpíadas de 2016. “Se ela é nossa, podemos fazer dela o que quisermos”, murmuram alguns, pensando nos lucros com a agropecuária e a mineralogia.
Não sei quantos são esses ecopófagos, mas sei que são pessoas importantes e poderosas, empresários e políticos ligados aos governos federal e estadual. São muito espertos, mas também meio burros. Afinal, o que lucrarão eles e o mundo se o planeta perder essa grande reserva ecológica e acabar ficando inabitável?
Há pouco tempo, iludiamo-nos pensando que a devastação da Amazônia estava diminuindo. Hoje sabemos que o que acontece é o contrário, a devastação continua ferozmente. Pensando cá com meus botões, porém, não vejo como comemorarmos, mesmo que estivesse mesmo diminuindo. Se alguém foi assaltado em cem reais na semana passada e em cinqüenta reais nesta semana, pode rejubilar-se por ter tido prejuízo menor agora?
O fato é que a Amazônia é objeto de cobiça internacional, e o descaso dos nossos governos pode até dar razão a esses cobiceiros. Tomara que Carlos Minc, que parece ser um homem de boa vontade, nos reabilite, embora Marina Silva, talvez uma das pessoas mais sérias desse governo, tenha fracassado.
É verdade que a Amazônia é um santuário ecológico, patrimônio de toda a humanidade e nenhum país pode ser egoísta de querer explorá-la. Devíamos preservar as florestas, os rios, os territórios indígenas e não exigir que a região faça parte do pólo produtivo. Não sei porque que devem existir estados como Acre e Rondônia, com governos estaduais, assembléias legislativas e toda a burocracia estatal. Não seria possível criarmos uma região, um território neutro?
Mas esse patrimônio deve ser administrado pelo Brasil, Bolívia, Venezuela, Colômbia, Equador e Guiana, protegido pelos exércitos desses países sem interferência alienígena, até porque os interesses internacionais acabam sendo interesse dos Estados Unidos. Alguém pode confiar nos americanos para preservar alguma coisa que preste?
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário