quinta-feira, 5 de junho de 2008

O verde é nosso, vamos destruí-lo

“A Amazônia é nossa e ninguém tasca”, gritamos todos nós, brasileiros, no ardor patriótico só comparável às ocasiões da Copa do Mundo ou à perspectiva do Rio de Janeiro sediar as Olimpíadas de 2016. “Se ela é nossa, podemos fazer dela o que quisermos”, murmuram alguns, pensando nos lucros com a agropecuária e a mineralogia.
Não sei quantos são esses ecopófagos, mas sei que são pessoas importantes e poderosas, empresários e políticos ligados aos governos federal e estadual. São muito espertos, mas também meio burros. Afinal, o que lucrarão eles e o mundo se o planeta perder essa grande reserva ecológica e acabar ficando inabitável?
Há pouco tempo, iludiamo-nos pensando que a devastação da Amazônia estava diminuindo. Hoje sabemos que o que acontece é o contrário, a devastação continua ferozmente. Pensando cá com meus botões, porém, não vejo como comemorarmos, mesmo que estivesse mesmo diminuindo. Se alguém foi assaltado em cem reais na semana passada e em cinqüenta reais nesta semana, pode rejubilar-se por ter tido prejuízo menor agora?
O fato é que a Amazônia é objeto de cobiça internacional, e o descaso dos nossos governos pode até dar razão a esses cobiceiros. Tomara que Carlos Minc, que parece ser um homem de boa vontade, nos reabilite, embora Marina Silva, talvez uma das pessoas mais sérias desse governo, tenha fracassado.
É verdade que a Amazônia é um santuário ecológico, patrimônio de toda a humanidade e nenhum país pode ser egoísta de querer explorá-la. Devíamos preservar as florestas, os rios, os territórios indígenas e não exigir que a região faça parte do pólo produtivo. Não sei porque que devem existir estados como Acre e Rondônia, com governos estaduais, assembléias legislativas e toda a burocracia estatal. Não seria possível criarmos uma região, um território neutro?
Mas esse patrimônio deve ser administrado pelo Brasil, Bolívia, Venezuela, Colômbia, Equador e Guiana, protegido pelos exércitos desses países sem interferência alienígena, até porque os interesses internacionais acabam sendo interesse dos Estados Unidos. Alguém pode confiar nos americanos para preservar alguma coisa que preste?

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