- É, Enock, só nós dois aqui – queixava-se Guilherme ao amigo. – Só você me resta. Você é meu único amigo, sempre foi. Desculpe, mas só agora eu percebi.
Enock acompanhava as palavras do amigo, fitando seus olhos doces, sem nada falar.
- Ah, quantas aventuras eu vivi! Quantas viagens, quantas mulheres, quantos hotéis, dos mais luxuosos aos mais pés-de-chinelo, o que valia era a aventura. E os amigos, as cervejadas, as serenatas? Ah, mas tudo acabou. Todos me abandonaram.
Enock apenas encostava a perna no joelho do amigo, solidário com sua dor.
- Ainda bem que eu tenho você. Ainda bem que você nunca me abandona. Puxa, porque eu não te conheci antes... Ei, onde você vai?
Na rua, uma cadelinha dengosa no cio passava, atraindo atrás de si um séquito de admiradores, entre latidos , ganidos e mordidas. Com uma agilidade surpreendente para seus doze anos, Enock, o cachorro esgueirou pela porta semi-aberta, saltou sobre o portãozinho e foi juntar-se ao fã clube canino.
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