Fez bom negócio? Eu garanto que não. Para comprovar minha opinião, dou um pequeno detalhe que só eu sei, pois o personagem é meu: Astrovaldo é paraplégico.
Entenderam a parábola? É a história da modernidade, que os subdesenvolvidos, os pobres, os ignorantes cultivam com tanto carinho, sem entender que o que é bom para uns, não é bom para outros. Qualquer roupa é ótima, desde que caia bem no corpo de quem a usa. O progresso nos leva à automatização, à substituição de trabalhadores por robôs e outras coisinhas mais.
Isso é ótimo, por exemplo, para o Japão, onde há escassez de mão de obra e eles são obrigados a importar trabalhadores de outros países. É péssimo para a China, onde abunda a mão-de-obra barata, que é a verdadeira razão do grande poder econômico do país, embora ele se entitule comunista. É o mesmo caso do Brasil, embora os nossos botocudos, embevecidos com o maquinário da modernidade, teimam em fingir que são do primeiro mundo. O resultado está aí, no crescente aumento do desemprego, na mendicândia, no trabalho informal e na bandidagem. Índio não só quer apito, como quer celular, DVD, MP4 e outras modernagens.
A partir de domingo, entra em funcionamento a TV digital, com imagem mais perfeita e até a promessa de interação, num futuro próximo. Vai ser um barato e nem custará tão caro para a minoria endinheirada. A maioria cada vez mais pobre (apesar da propaganda oficial) terá que optar entre ficar babando, filar o programa dos amigos mais abastados ou sacrificar um pouco o minguado feijão de cada dia para adentrar na modernidade.
Bem, pelo menos até 2016, as emissoras continuaram transmitindo no sinal analógico. Até lá, gente de pobre ainda tem televisão.
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