segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Como nossos edis gastam seu latim

A Câmara Municipal aprovou nesses últimos dias dois projetos de lei visando a alterar o brasão do município, que foi criado em 1932 pelo major Ariovaldo Panades, interventor federal em Guarulhos, imposto pela ditadura de Vargas.
Nessa época, a Câmara Municipal estava fechada e o projeto só foi sancionado em 7 de setembro de 1971. Em 1991, sofreu algumas alterações, propostas pelo bacharel Sílvio Orique Fragoso, diretor de Cultura do município na gestão do prefeito Paschoal Thomeu.
A primeira emenda é do presidente da Casa, Paulo Carvalho, do PR, e propõe a inclusão de mais duas figuras no brasão, que já tem um índio e um português, primeiros habitantes do aldeamento de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos: quer que seja incluído um negro e uma mulher.
O segundo é de Adilson Valente, do PC do B, e quer que o dístico em latim "Vere Pavlistarvm Sangvis Mevs" (em latim o v substitui o u), que significa "Meu Sangue é Verdadeiramente Paulista", seja traduzido para o português. Essa proposta foi rebatida pela Academia Guarulhense de Letras, foro indicado para essas questões.
Os acadêmicos Darci Pannochia, Plínio Tomaz e Ari Badini já se manifestaram e esperam que o prefeito Elói Pietá, professor de História, vete o projeto. O vereador entende que Pavlistarvm significa paulistano, mas Baddini lembra que na época da fundação de Guarulhos não existia o Estado de São Paulo.
Paulista é o nome que se dava aos bandeirantes que moravam em São Paulo de Piratininga, que não era capital de coisa alguma, e não existia a palavra paulistano.
O primeiro projeto passou sem maior celeuma, mas eu, que não entendo de latim e nem de heráldica, acho esquisito, não menosprezando os negros nem as mulheres. Mas será que cabe tanta gente no brasão?
O mais fácil seria colocar-se uma mulher negra, representando a etnia e o sexo esquecido. Se colocarem uma mulher branca terão que colocar também uma mulher negra e uma índia e talvez casais de japoneses, árabes e de outros povos que formam o nossa raça. Mas afinal, isso é um brasão ou uma lotação?

Um comentário:

Crazy Marcucci disse...

Fantástica publicação! Gostei mesmo. Já sabia dessa história, mas adorei poder lê-la com um certo tom cômico. Obrigado pelas palavras.